Passados oito anos do início da nossa criação de dogues alemães, podemos afirmar que, literalmente, eles mudaram radicalmente nossas vidas, como se vê abaixo.

Mudamos de residência. Largamos a cidade do Rio de Janeiro e passamos a morar em uma pequena cidade da chamada Região dos Lagos, ainda no Estado do Rio de Janeiro, Isto para ficarmos distantes apenas 20 quilômetros dos nossos dogues. Para viabilizar este projeto de “final de vida”, a Elyeth teve que se aposentar como Promotora de Justiça. Eu tive que aceitar promoção para o cargo de Procurador de Justiça, que me permite trabalhar mais em casa, dando pareceres nos processos. Infelizmente, após quinze anos, tive de largar o Tribunal do Júri. Também tive que sair de duas universidades, onde dava aulas, (Cândido Mendes e Gama Filho). Isso com substancial perda salarial. Fiquei apenas dando aulas no mestrado da UERJ.

Assim, de “urbanos” que sempre fomos, acabamos vindo morar na “roça”. Passamos uma semana inteira sem parar em um sinal de trânsito, sem pegar um engarrafamento, sem colocar um sapato ou uma calça comprida ... Olhamos todas as noites para o céu estrelado ... Devemos esta felicidade constante aos dogues alemães e estamos perto deles.

Embora nossa confortável casa fique em cidade próxima do canil, não resistimos e aqui colocamos cerca de vinte dogues, montando uma boa estrutura para todos. Ao todo, temos agora cinqüenta e dois dogues de todas as variedades, nos vários espaços adaptados a eles nas duas cidades próximas.

A criação propriamente dita está sendo um sucesso, nos dando aquela impressão de que “tudo está valendo a pena”. Apesar de termos muito trabalho e altas despesas (eles comem cerca de uma tonelada e duzentos quilos de ração por mês), o nosso envolvimento tem sido integral e profundo (embora a Elyeth tenha também inúmeros agapornes, canários belgas, gatos, etc). Passamos todos os dias “lidando” com os nossos cães e demais atividades ligadas ao canil. Muita alegria, embora não possamos esquecer alguns poucos momentos de tristeza e apreensão, quando falece ou fica doente algum destes nossos amigos caninos. Hoje podemos dizer que amadurecemos muito, pois lidamos permanentemente com a vida e a morte. “Fabricamos” amigos incondicionais e temos que assistir alguns deles irem embora ...

Continuamos frequentando as exposições nos Estados do Sudeste. Os resultados têm sido ótimos. A nossa azul Nut Ores do Jardim Silva obteve o título da Campeã Mundial na exposição realizada no Rio de Janeiro em 2004. O nosso dourado Debret de Santa Bárbara de Nexe foi duas vezes o melhor absoluto nas exposições especializadas do BKC (2003) e KCFLU (2005). Por outro lado, a nossa Lisbela do Jardim Silva foi a melhor absoluto na especializada do KCABC (2007), sendo que o irmão Lacan do Jardim Silva já fora o melhor absoluto do sexo oposto na exposição especializada do KCSP (2006). Finalmente, o nosso Rico Br. de Assisi (dourado) foi o melhor absoluto nas duas especializadas do KCSP do ano de 2007, sendo que a Lisbela, nestas duas especializadas, foi a melhor absoluto do sexo oposto.

Cabe ressaltar, outrosssim, que o nosso Debret ficou em primeiro lugar no Brasil pelo ranking do site Dog Show e em segundo pelo ranking da CBKC, isto no ano de 2005. No ano seguinte, a Lisbela do Jardim Silva repetiu o feito, ficando em primeiro lugar no Brasil pelo ranking do site Dog Show e em segundo pelo ranking da CBKC. Já no ano de 2007, Ravel Debret ficou em segundo do Brasil pela ranking do site Dog Show e o nosso Rico ficou em segundo do Brasil pelo ranking da CBKC.

Ainda em termos de rankings, destaque para o Canil Jardim Silva. Por  três anos consecutivos, o nosso canil foi o melhor criador do Brasil de dogues dourados/tigrados pelo ranking oficial da CBKC, (anos de 2005, 2006 e 2007).
Pelo ranking do site Dog Show, foi o melhor criador do Brasil desta variedade nos anos de 2006 e 2007.

Percebe-se que estamos privilegiando a criação de dourados-tigrados, embora estejamos investindo, neste final de ano de 2007, nos dogues azuis, graças à importação do sêmen do famoso dogue norte-americano chamado Sharcon`s Tomahawk (um dos mais premiados dogues americanos em toda a história daquele país). Isto devemos aos amigos Eduardo, Dinis e Sandra (Canil Vom Orion), que nos deram a Flora (filha do Tomy) e permitiram o acasalamento do Freud (filho do Tomy) com a nossa Nut. Ficamos com um filho desta ninhada, chamado Goya do Jardim Silva que, futuramente, vai acasalar com a tia Flora, fazendo um “in breeding”, em termos do Tomahawk. Por ora, já tiramos, ao todo, quatorze ninhadas de nossas fêmeas.

Para resumir, podemos dizer que, ao longo destes oito anos, conseguimos, além do que acima foi mencionado, mais de trinta dogues com títulos de campeões brasileiros e panamericanos, dezenove grande campeões e nove campeões internacionais, falando apenas dos títulos mais relevantes.

Fizemos novos amigos. Mantemos relações fraternas com inúmeros outros criadores espalhados pelo Brasil todo. Com eles, mantemos contatos quase que diários através de duas listas de conversação pela internet. Com eles, aprendemos muito sobre a raça que criamos. Sempre recebemos e transmitimos importantes informações. Estamos realizando, permanentemente, leitura especializada sobre cães em geral e dogues em especial, não só sob o aspecto morfológico e genético, como também sob o aspecto comportamental (etologia). Já temos uma biblioteca razoável, que nos permite um agradável estudo destes temas ligados à criação. É lógico que isto nos afastou um pouco do estudo do Direito, com o qual lidamos há cerca de trinta e sete anos. Com a nossa aposentadoria que se aproxima, vamos nos dedicar integral e exclusivamente aos nossos dogues alemães.

Enfim, acho que traçamos e planejamos a nossa futura velhice. Queremos morrer em nosso jardim, cercados de nossos amigos caninos. Lógico que não temos pressa que isto se concretize ...